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O Reiki Studio Porto juntou-se à Associação Animais de Rua, como parceiro do Cartão de Amigo da Animais de Rua. Saiba tudo sobre esta associação de apoio aos animais e as vantagens de ajudar.

Animais de Rua dedica-se a melhorar a vida de animais de companhia errantes, silvestres ou abandonados, em todo o país. A sua prioridade é o tratamento, esterilização, controlo e apoio à adoção de animais de rua, de forma a travar o nascimento de animais em más condições e, consequentemente, a reduzir o número de capturas e abates em canis.

Falámos com Maria Pinto Teixeira, Presidente da Direção Animais de Rua, para saber mais sobre o percurso da Associação, o Cartão de Amigo da Animais de Rua e os direitos dos animais em Portugal.

1. Como surgiu a Animais de Rua?

Um dia, já em 2005, um grupo de amigos passeava no Parque da Cidade do Porto, quando nos deparámos com uma colónia de cerca de 60 gatos a viver em condições miseráveis.

Quase todos estavam doentes, adultos e crias, alguns com os olhos tão cobertos de pus que já não os conseguiam abrir. Ficámos horrorizados com aquele cenário e queríamos fazer alguma coisa para ajudar aqueles animais, mas não sabíamos como.

Os gatos adultos eram silvestres, por isso não se deixavam apanhar para os podermos levar ao veterinário, nem poderiam ser adoptados por famílias que lhes quisessem dar um lar. Por outro lado, percebemos que, mesmo que conseguíssemos tratar aqueles, muitos outros iriam nascer na colónia nas mesmas condições.

Resolvemos investigar o que estava a ser feito noutros países para ajudar animais em situação semelhante e tomamos conhecimento do método Capturar-Esterilizar-Devolver (CED) de controle populacional de animais errantes. Percebemos que este era o único método eficaz de ajudar colónias de gatos silvestres e colocámo-lo imediatamente em prática na Colónia do Parque da Cidade.

Conseguimos uma armadilha emprestada, uma clínica que aceitou fazer as esterilizações e tratamentos a preços reduzidos, fizemos um apelo na Internet a pedir donativos para as despesas veterinárias e metemos mãos à obra! Todos os gatos foram tratados, esterilizados e desparasitados e as crias foram encaminhadas para adopção.

A diferença na qualidade de vida daqueles animais após a nossa intervenção era tão evidente. A pouco e pouco o nosso trabalho foi ficando conhecido e chegavam-nos pedidos de ajuda para esterilização de animais de rua um pouco por todo o país.

Foi aí que decidimos criar o Projecto Animais de Rua que, já em 2008, se transformou em associação legalmente constituída.

2. Qual é a missão e o âmbito de atuação da Associação?

Desenvolvemos um programa integrado de controlo populacional de animais errantes e silvestres, através da sua esterilização em massa.

O método que usamos (CED) consiste na captura organizada dos animais (através de equipamento especializado), a sua esterilização, tratamento caso apresentem patologias, marcação com um pequeno corte na ponta da orelha esquerda (sinal internacional identificativo de animal esterilizado) e posterior libertação no território de origem, onde são monitorizados e alimentados diariamente. Os animais dóceis e as crias são, sempre que possível, colocados em Famílias de Acolhimento Temporário onde aguardarão por uma adopção responsável.

Paralelamente ao programa de esterilizações, desenvolvemos também, em parceria com a associação CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo e várias autoridades municipais, um programa de apoio médico-veterinário e alimentar dirigido aos animais que vivem com os utentes do CASA (pessoas sem abrigo e famílias carenciadas), que é designado por Parceria AR+CA.

Temos neste momento 7 núcleos de actuação em Portugal: Porto, Aveiro, Lisboa, Sintra, Faro, Lagos e São Miguel. Até à data de hoje, esterilizámos mais de 15.000 animais, número esse que trabalhamos diariamente para fazer crescer.

Desenvolvemos também um programa educativo em escolas de todo o país, através do qual procuramos sensibilizar e educar as crianças e jovens do nosso país para a problemática do abandono e respeito pela vida animal.

Realizamos também, em parceria com a Change For Animals Foundation (CFAF), workshops e acções de formação destinadas a médicos veterinários e organizações de protecção animal que queiram iniciar-se no método CED.

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3. O que é o Cartão de Amigo da Animais de Rua e quais as suas vantagens?

O Cartão de Amigo da Animais de Rua consiste numa parceria entre a Associação e uma rede de parceiros cuja política de responsabilidade social inclui a protecção animal.

Desde um mínimo de 3€ mensais dão direito ao portador do cartão o acesso a descontos especiais numa rede de empresas e prestadores de serviços amigos dos animais.

4. Quais são as principais necessidades da Associação e como podem as pessoas ajudar?

Precisamos sempre muito de voluntários, quer para ajudarem nas capturas dos animais, seu transporte para as clínicas veterinárias onde são intervencionados e cuidados no período de pós operatório, quer para trabalhos administrativos que podem até ser feitos à distância, como inserção e tratamento de dados, gestão de redes sociais, produção de materiais gráficos, desenvolvimento de campanhas, etc. Costumamos dizer que temos na Animais de Rua tarefas para todos os gostos e feitios.

Precisamos também sempre muito de padrinhos que ajudem a financiar as esterilizações. Apadrinhar um animal (com qualquer valor), fazer compras na nossa Loja online ou ligar para o nosso número solidário – 760 300 161 (€ 0,60 + IVA) – são formas de nos ajudar a chegar a mais animais.

5. Qual foi a história que mais a marcou no percurso da Associação?

O caso que ainda hoje mais nos toca é o da colónia do Parque da Cidade, a primeira a ser intervencionada pela Animais de Rua. Passados 10 anos, a colónia está reduzida a 8 elementos que vivem felizes na colónia, gordos e saudáveis, alimentados diariamente por um cuidador e até um abrigo têm para as noites mais frias.

Olhar para o “antes” e o “depois” desta colónia relembra-nos todos os dias a razão de ser da existência da Animais de Rua.

6. O que falta fazer pelos direitos dos animais em Portugal?

Temos assistido a uma evolução legislativa muito postiva na área da protecção animal, nomeadamente com a criminalização dos maus tratos e abandono de animais de companhia e a proibição de abates nos canis municipais, com esterilização obrigatória de todos os animais encaminhados para adopção.

Entendemos no entanto, que ficaram fora da lei alguns aspectos importantes que estavam incluídos na proposta inicial, nomeadamente o da consagração da figura do Animal Comunitário e as restrições à criação e comércio de animais de companhia, que consideramos irresponsável no cenário actual do nosso país, em que temos centenas de milhares de animais a viver e a reproduzir-se continuamente no domínio público sem qualquer esperança de adopção.

Gostaríamos também de ver a lei de criminalização dos maus tratos estendida a outras espécies de animais para além dos de companhia, nomeadamente os que têm o mesmo grau de senciência e deveriam, por isso, ser objecto da mesma protecção.

Written by Reiki Studio

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