Uma mão estendida: doar Reiki em instituições é uma realidade cada vez mais presente | Foto: Creative Commons/Danny Chapman

Filomena Pessanha, Coordenadora do Núcleo do Porto da Associação Portuguesa de Reiki (APR), guiou-nos no nosso primeiro dia de voluntariado pela APR com sabedoria, compaixão e gestos que revelam uma grande experiência na arte de cuidar e de se doar aos outros.

Desde essa altura, quisemos saber mais sobre o seu percurso e a realidade do voluntariado de Reiki. Nesta entrevista exclusiva, Filomena Pessanha revela os casos que mais tocaram o seu coração e explica o que é preciso para se ser um bom voluntário de Reiki.

1. Como é que o Reiki surgiu na sua vida?

Nada começa por acaso. Para tudo há um tempo e o meu tempo de entrar no Reiki foi numa altura em que minha mãe estava bastante doente, com doença cardíaca crónica e com úlceras varicosas nas pernas. Os médicos chegaram a dizer que precisava de ser amputada. Felizmente, isso não chegou a acontecer.

Então, a que viria a ser minha amiga e Mestre de Reiki, Ana Maria Séica, numa conversa comigo, após ter-me feito o Mapa astral, perguntou-me se já me tinha apercebido de ter ajudado na cura de  alguém.

Realmente sim, isso tinha acontecido com meu sogro, com 91 anos, que também tinha úlceras, e com um vizinho com 92 anos. Então, falou-me no quanto beneficiaria ao continuar a ajudar, mas ligada ao Universo.

Falou-me  do Reiki e da sua filosofia, e fiquei encantada. Reiki é “a arte de convidar a felicidade”, enamorei-me por esta frase. Tinha tudo a ver com o que sempre dizia em tempos mais tristes… “Eu não vou desistir de ser feliz”.

Precisava muito na altura de praticar o princípio “Só Por Hoje Sou Calma”. Assumi a responsabilidade de tudo o que foi proposto para fazer este caminho. Não hesitei, queria muito ajudar minha mãe, ajudar-me a mim também e a quem viesse para eu ajudar.

2. Como foi a sua primeira experiência como voluntária e o que a levou a nunca mais parar?

A minha primeira experiência como voluntária de Reiki foi com uma jovem de 38 anos com cancro nos intestinos, internada no Hospital de São João, que veio a falecer nos paliativos do I.P.O., passado três meses, mais ou menos, de a conhecer.

Era familiar de uma amiga minha, funcionária do Hospital, e eu fazia a terapia a nível particular e a pedido da doente. Estava num quarto individual e nunca houve problema de fazer a terapia. Às vezes tinha que parar porque tinha muitos períodos de vómitos, relacionados com o quadro clínico.

Os profissionais de saúde sabiam que eu lhe fazia Reiki, apesar de ainda não ser autorizada esta terapia, e nunca chamaram a atenção ou proibiram. Até porque constatavam os benefícios.

A jovem esteve sempre com um humor contagiante, chegava a pedir-me para eu dançar para ela e eu dançava, e ríamos, apesar do enorme sofrimento fisico. O “Só Por Hoje” era uma realidade. Importava cada segundo de vida ser vivido celebrando a vida.

Então, esta jovem que já conhecia o Reiki, queria muito ser iniciada. Prometi que logo que um dia ela estivesse mais bem disposta o faria.

Aos poucos fui passando a informação que na altura tinha no manual elaborado por mim, e a jovem ia fazendo comigo o caminho, sempre acompanhada com um marcador de livros onde constavam os princípios, e quando os médicos falavam com ela  bastante preocupados  com a evolução rápida do cancro e a viam tão serena, ela dizia: “Oh, senhor doutor, eu não me posso preocupar. Vejam aqui os princípios do Reiki. Vejam se dá para  arranjar uns intestinos novos para mim”.

Bem, um dia, e porque foi o tempo, a jovem estava a dormir e eu em vez de lhe fazer o tratamento que ela tanto gostava, fiz-lhe a sintonização enquanto ela descansava.

A meio, abriu os olhos e perguntou: “Filó, hoje é diferente, estou tão bem, sinto-me no céu”. Eu  olhei e os olhos brilharam, riu e agradeceu pelo Universo lhe estar a dar o que ela sonhava: ser iniciada. E acabei a sintonização, sem ser incomodada por nenhum profissional. O Universo cuidou de tudo.

Dizia ela: “Ainda tive tempo”. Depois, levei um diploma e o manual. Como ficou feliz. Os 21 dias foram feitos sempre com muita alegria e empenho, e os princípios interiorizados e postos em prática de uma forma tão bonita e única que quando acabaram, já não me lembro dos dias. Faleceu para descansar, e tudo se tinha cumprido.

Não dá para parar. Os doentes aumentam. Gosto de ajudar, pois sei por experiência pessoal o que é estar internada e precisar de ser acompanhada e escutada por pessoas isentas, que nos ajudam a aceitar a fragilidade e a sentir esperança.

3. Quais foram os momentos mais marcantes do seu percurso como voluntária de Reiki no Núcleo do Porto da APR, do qual é coordenadora?

No Núcleo do Porto sou coordenadora desde Maio. Anteriormente, era coordenadora do Núcleo Bonfim – Porto, mas achei a partir dessa data não fazer sentido existirem dois núcleos numa mesma cidade, já que eu e uma das coordenadoras, Sónia Gomes, começámos a ser muito próximas e senti que juntas poderíamos fazer mais pelo Reiki, pela divulgação e certificação, pelos objetivos a alcançar e por todos os que abraçam esta terapia e que fazem parte da associação.

Porto2Aqui, foi o voluntariado que fiz a um jovem de 33 anos, ao domicílio, com um tumor cerebral, como ele se sentia quando fazia a terapia e o que ele dizia.

Dizia nunca ter sentido tanto amor dentro dele, que era inexplicável, já que ele se dizia bastante céptico, mas ficava muito tranquilo. E agradecia imenso a paz que sentia no momento e até eu voltar a ir. Estava a ir um vez por semana.

Como teve que começar a ir todos os dias ao I.P.O., o desgaste físico e emocional  era muito grande e deixei de ir a casa, porque a mãe disse que ele se cansava muito e realmente não havia hora nem dia disponível para eu ir fazer o tratamento.

Este jovem já tinha sido operado a um tumor cerebral há 5 anos e o que mais queria era estar sossegado, em silêncio. Foi feito o que foi possível e ainda me uno a ele e à família, fazendo o envio de energia à distância.

4. Qual tem sido a abertura das instituições da cidade do Porto ao voluntariado de Reiki? Sentiu alguma diferença desde o momento em que começou até hoje?

A abertura das instituições é muito boa. Tratam-nos como fazendo parte da equipa  que luta todos os dias pelo bem estar dos utentes. Tem havido muita cooperação: põem-nos ao corrente da historial clínico, da medicação, o que nos permite fazer uma avaliação da evolução do estado de saúde e registá-lo numa ficha de paciente.

A diferença que sinto é o aumento do interesse por parte dos funcionários, que querem saber mais sobre Reiki e alguns vão experimentando no seu tempo de intervalo para almoço.

5. Quais são os principais benefícios que observa, nos diferentes grupos e entidades com que trabalha?

São, sem dúvida a serenidade, a alegria, a confiança de que voltamos para ajudar a terem momentos de afetos e relaxamento com a nossa visita, e com os  tratamentos.

6. O que é necessário para se ser voluntário de Reiki?

Para ser voluntário do Núcleo é preciso preencher uma ficha que contém algumas perguntas que dão para avaliar competências e o perfil de quem se propõe.

Terão que ter pelo menos o segundo nível de Reiki. Há um encontro individual com cada candidato e passam por tempo de estágio suficiente para que ambas as partes se sintam confortáveis para que passem de estagiários a voluntários, assumindo um compromisso por escrito da disponibilidade e do compromisso de fazer terapia Reiki e só Reiki.

Todos passarão por uma formação, com conteúdos e informações sobre Reiki, necessárias para o desempenho da terapia do auto cuidado, do saber ser, saber fazer e saber estar, como pessoa e voluntário, e partilha de conhecimentos científicos, para melhor identificação da desarmonia dos chakras e a relação dos mesmos com os orgãos. É distribuído um manual e um certificado a cada um.

7. Quais devem ser as principais qualidades de um voluntário de Reiki?

As principais qualidades de um voluntário de Reiki serão a humildade, o respeito, o saber escutar, saber comunicar; ser o rosto dos princípios da filosofia do Reiki, com tudo e com todos.

8. 2015 foi o ano de cuidar de quem cuida. É importante que os voluntários cuidem de si mesmos?

Neste ano do “Cuidar de Quem Cuida”, com certeza que o melhor exemplo é  cuidarmo-nos para cuidarmos bem.

Ao não nos cuidarmos, não somos bons instrumentos, e portanto a energia não flui. Cuidaremos de cuidar da equipa de voluntários com encontros para partilha de dificuldades e para que todos  possam usufruir também de tratamentos de Reiki.

9. Doar Reiki para si é…

Ser um instrumento de Energia do Amor. Responsabilidade de caminhar sendo exemplo dos cinco princípios de Reiki com tudo e com todos. Abraço de paz.

 

Written by Reiki Studio

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